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O MISTÉRIO DA VIDA, ME CAUSA A MAIS FORTE EMOÇÃO... É O SENTIMENTO QUE SUSCITA A BELEZA E A VERDADE. CRIA SENTIMENTOS DE LIBERDADE... ESSA PALAVRA QUE O SONHO HUMANO ALIMENTA. QUE NÃO HÁ NINGUEM QUE EXPLIQUE, E NINGUEM QUE NÃO ENTENDA! " JAMAIS PODERIA DEIXAR VOCÊ PASSAR PELA MINHA VIDA EM BRANCO. EU NÃO ME PERDOARIA "

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

O lado fatal



Ele tinha a fadiga de muitos séculos:
Deitava-se no sofá, cabeça no meu colo:
"Com você encontrei a paz"
Mas estava cansado. Tinha saudades de mais paz
do que lhe poderia dar todo meu amor.
Dizia:
"Hoje estou triste, e sem motivo"
O motivo era ser esta vida um exílio
e sua alma uma chama que só se aplacaria em Deus.
(Talvez para isso foi preciso que partisse.)
Quando me via triste, dizia entre compassivo e magoado:
"Você hoje esta numa melancolia profunda?
Certa vez discutimos, e ele deixou sobre meu computador
um bilhete.
(Nunca tivemos mais que vinte anos)
Ele tinha indagações enormes:
Andava de um lado para outro em minha frente:
Não se conformava nunca com os conformados e os corruptos.
Passava as mãos pelo cabelo grisalho, e ardia como um jovem
de dezoito anos na sua ira. Depois fechava as portas de vidro sobre
a noite quente, me pegava pela mão, e dizia:
"Vamos dormir"
Então tudo era paz e ternura.
Andavamos beirando o mar, trocando confidências de nossos
corações atormentados, dissemos ternuras.
De repente pus-me a chorar no ombro dele, chorava sem saber porque.
Hoje compreendo:
Na sombra, a morte erguia o seu braço, mas nós não sabiamos ainda.
Hoje entendo tambem, que a melhor homenagem que eu possa fazer a ele,
é voltar a viver, porque tudo é transformação.
E a vida chama. Eu acredito nisso!
Aquele que amei era velho e moço, ríspido e cândido, apaixonado e solitário,
e compreendeu minha alma inquieta talvez como ninguem.
Achava graça em mim algumas vezes, dizia que eu nunca cresceria.
Mas quando eu lhe dizia sentir medo sem razão no meio da noite, ele me
abraçava calado. (Só nessas ocasiões ele não me explicava nada)
Há alguns meses atrás, levantei-me da mesa onde escrevia, e mudei de lugar
alguns moveis. Não era para ter mais luz ou mais sossego:
Era apenas para ver o nascer do sol.
(Foi o primeiro sinal de que ainda estou viva)



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